quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Soltou-se o tempo


Fecharam-se
os olhos
da noite
num escurecer
sem fim

Num segundo
soltara-se
o tempo
e as lágrimas
que decoravam
as cortinas de pele
da alma
voaram
para além do horizonte
sem rasto
sem cheiro
nem luz

Tempo
sem tempo
de momentos
sem gosto
nem rosto

Em que (me)soltei
para (te)encontrar
na teia
do meu tempo
o nosso tempo

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Envolver

Num sentir
de sentidos contidos
num ferver de corpos
e almas enlaçadas
fusionadas
descobriam
encobriam uma sede
um desejo de um beijo
gravado
entranhado
no nu de dois corpos
tatuado,gravado
num pergaminho
de pele de seda
beberam de um elixir
de amor ardente
a sede ficou
sede de ter
de se queimarem
de amor



quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sem sentido



Caminhava
por ruas incertas
a confusão
turvava-lhe a mente
deturpava-lhe os sentidos
afiava-lhe o gosto
de amargo desgosto
de corpo cansado
desgastado
como as letras
de uma música
esquecida
abriu e fechou os olhos
vezes sem conta
mas pouco viu
uma imagem gasta
espelhava bem a sua frente
de corpo nu
alma perdida
sorriso retido

um dia
talvez um dia
a vida sem sentido
voltasse a ter
um gosto sentido

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

(Im)perfeição

Navegou num mar
com a foz numa boca
de mel
afogou-se num corpo
de pele de seda
num suave
suave amar

perdeu-se
num ser
que lhe despertou
o instinto
o sabor
do amor
adormecido
mas nunca esquecido

perder-se-ia vezes
sem conta
num tempo
de compassos musicais
num adormecer
e eterno acordar
no perfeito sorriso
de um terno olhar

o (teu) olhar

domingo, 3 de outubro de 2010

Sentimento (in)certo

Fechou os olhos
Abriu a alma

"desperta amor
voa amor
ilumina-me
enfraquece-me
faz-me respirar
sentir viva
regar as minhas palavras
da tua fonte"

amor
amor
estranho amor
que mal se estranha
se entranha
como uma semente
em terra fértil
sentimento (e)terno
amor (ln)certo
mas certamente
amor