terça-feira, 7 de junho de 2016

Sem destino

O que a vida nos dá 
O que pensamos possuir
É mais temporário 
Que mil ventos dispersos
Nos caminhos de ferro
Após a passagem 
de um comboio em fúria 

Nada é mais fútil 
Que perder o que nunca foi nosso
O que nem tempo tivemos de viver
Nada é mais injusto
Que esquecer os sorrisos  
De ontem
Que hoje nos confundem
E perseguem desesperadamente
quando a luz se apaga

Os porquês da nossa infância 
Atropelam-nos em adultos 
E quase que se mata o tempo
Quando ele nos sobra
[E sobra-me tanto]

Passaria dias e milhares de noites 
A procura das palavras certas 
Para descrever o indescritível 
Das perguntas erradamente feitas
Que nunca terei resposta

A viagem vai longa
A vida mais curta
Os sonhos mais distantes
E o comboio, esse?
Segue, sem destino

Cidália Oliveira

Texto&fotografia


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